→ A relações entre arte e
ciência são estreitas, cada uma se apropriando dos conhecimentos da
outra durante sua evolução.
→ A ciência é um tipo de
pensamento que investiga os fenômenos da natureza e cria
conhecimentos sobre ela por um processo de experimentação. É um
conhecimento sistemático porque é organizado e procura relacionar
as várias partes que compõe esse conhecimento, é metódico porque
segue um caminho previamente concebido, utilizando ferramentas
adequadas para a obtenção de um resultado.
→ A ciência de hoje foi
criada no século XVI e nasceu de um processo iniciado bem antes. A
ideia de que só podemos construir explicações com base em fatos
observados revolucionou o pensamento científico.
→ Os filósofos gregos
falavam em dois níveis de conhecimento: a doxa e a episteme.
Doxa:
conhecimento baseado nas observações cotidianas e produzido sem
método nem sistematização. Episteme:
conhecimento racional, também baseado em observações, mas
construído de maneira sistemática e metódica.
→
Os primeiros filósofos (pré-socráticos)
dedicaram-se a explicar
aquilo que chamavam de physis
(a natureza). Seu principal problema era a busca pela arkhé,
ou o princípio universal de todas as coisas, elemento do qual todas
as coisas provêm. Procuravam
abandonar as explicações míticas ou religiosas, construindo uma
hipótese racional.
→ No século XVI, quando o
que chamamos de ciência foi criada e consolidada, discutia-se qual
seria o método apropriado para se chegar aos conhecimentos
verdadeiros.
→ René Descartes: método
cartesiano. O método começa sempre com a dúvida metódica.
procedimentos para alcançar o conhecimento de modo seguro: 1) nunca
aceitar como verdadeiro algo que fosse possível duvidar; 2) dividir
os problemas em problemas menores: análise; 3) conduzir o pensamento
de forma ordenada, indo sempre do mais simples para o mais complexo:
síntese; 4) revisar a produção do conhecimento em cada etapa, de
modo a nada esquecer ou deixar de lado.
→ Esse método, baseado na
matemática, concebe a ciência como um conhecimento racional e
demonstrativo.
→ O método cartesiano
conquistou seguidores, mas também opositores, que sustentaram que o
conhecimento verdadeiro só pode ser alcançado partindo-se das
observações que fazemos por meio dos sentidos. Esta posição
ficou conhecida como empirismo.
→
John Locke: não existem ideias inatas: quando nascemos nossa mente é
como uma folha de papel em branco (uma tabula rasa),
na qual a experiência vai escrevendo as informações por meio dos
sentidos. Distinção
entre ideias simples, produzidas diretamente a partir das informações
obtidas pelos sentidos, e ideias complexas, produzidas a partir de
outras ideias. As ideias simples estão mais próximas da
experiência, portanto a chance de estarem erradas é menor.
→ Da combinação destas
diferentes posições surgiu o que se denomina ciência moderna, cuja
diretriz foi dada pelo filósofo alemão Immanuel Kant: o
conhecimento é sempre algo produzido pela razão, mas ela nunca é
pura, pois depende dos dados obtidos pelos sentidos.
→ A ciência moderna
caracteriza-se por dois aspectos principais: a utilização do método
experimental, sua aplicação a um objeto específico.
→ O método científico
pode ser caracterizado por cinco passos: => observação: deve ser
metódica, rigorosa, seguindo procedimentos e protocolos específicos,
definidos pelo método; => formulação de uma hipótese: com base
nos fatos observados, faz-se uma reorganização dos dados obtidos,
de modo a explicar o que foi visto; => experimentação:
verifica-se a hipótese construída, que pode ser ou não comprovada;
é uma nova observação feita em condições privilegiadas,
simulando a natureza; => generalização: encontrados na
experimentação resultados que se repetem, é possível elaborar
“leis” gerais ou particulares que expliquem os fenômenos; =>
elaboração de teorias (modelos): pelos dados obtidos, é possível
criar modelos teóricos de aplicação mais geral, capazes de
explicar realidades mais complexas.
→ A ciência não cria
conceitos, mas funções. A função é a forma de proceder da
ciência, que por meio da experiência relaciona determinados
aspectos, tomando um em função do outro.
→ A ciência existe desde a
Antiguidade, fazendo parte da própria filosofia. A partir do século
XVII, alguns ramos começaram a se especializar e se tornar
autônomos. Com a consolidação do método científico, sua
aplicação a diferentes objetos constituiu diferentes ciências.
→ A física foi a primeira
ciência autônoma moderna, seguiram-se a química e a biologia.
Somente a partir da segunda metade do século XIX, o método
científico, aplicado aos fenômenos humanos com certas adaptações,
levou à criação das ciências sociais e das ciências humanas.
→ A partir do século XX,
produziu-se a noção de conhecimento científico como um saber
aberto, sempre aproximativo e corrigível, e não uma afirmação de
verdades absolutas.
→ Atualmente a ciência é
cada vez mais uma atividade colaborativa, feita em redes de pesquisa.
>>>Arte: o ser humano
como criador
→ Desde as primeiras
civilizações humanas, a arte é valorizada como um meio de
expressão do potencial criativo dos seres humanos.
→ Nietzsche: a beleza e a
criatividade da civilização grega antiga se deveram a sua
capacidade de articular duas forças, a princípio opostas: o
apolíneo e o dionisíaco. A criação humana depende da articulação
destes dois princípios: o dionisíaco nos dá o princípio criativo
e o apolíneo nos dá a ordem e a harmonia necessárias para a
produção de algo belo. É a arte – com suas forças de criação
– que nos faz plenamente humanos, pois ela nos dá a oportunidade
de produzir nossa própria vida, construindo o que somos na medida em
que vamos vivendo.
→ Analisando a arte e a
cultura no século XX, os filósofos Adorno e Horkheimer, criaram o
conceito de indústria cultural. Antes deles, outro filósofo alemão,
Walter Benjamin, havia publicado um ensaio sobre a questão da arte
na sociedade industrial.
→ Benjamin: a natureza da
obra de arte transforma-se com a invenção das técnicas de
reprodução mecânicas, pois não faz mais sentido falar em
original. A reprodução contém um aspecto positivo, pois
democratiza o acesso à arte; embora esta perdesse seu caráter
singular, de ser única, podia agora ser levada às massas.
→ Adorno e Horkheimer:
caráter dessa democratização é problemático, pois a obra de arte
reproduzida podia ser transformada em apenas mais uma mercadoria pela
lógica capitalista e, como mercadoria, deixava de ser obra de arte.
Surgia assim uma nova indústria, a “indústria cultural”,
destina a produzir objetos culturais para serem vendidos como
mercadoria.
→ O efeito desse processo é
a semicultura, isto é, a cultura pela metade. Ouvimos e assistimos o
que o mercado e a indústria cultural nos oferece. Pensamos que
escolhemos o que gostamos, mas escolhemos apenas a partir das opções
que a indústria cultural nos dá.
→ Em que medida a internet
pode agir a favor ou contra a indústria cultural. Por um lado a
tecnologia permite que os artistas possam criar e divulgar seu
trabalho, mesmo sem acesso aos recursos financeiros, nesse sentido, a
internet contraria a indústria cultural. Por outro lado, porém, a
tecnologia e a internet podem ser, elas mesmas, um reforço da
própria indústria cultural.
>>> Arte e criação
→ Ao relacionar-se com o
mundo, como qualquer pessoa, o artista experimenta sensações que o
afetam, o mobilizam, deixam nela alguma marca. Diferentemente, os
artistas são capazes de transformar as percepções e os sentimentos
em algo que condensa esse estado.
→
Outra pessoa, quando em contato com o objeto artístico, sente-se
afetada por ele. Por isso, Deleuze e Guatarri falam da potência
criativa da arte: o que o artista cria é um “bloco de sensações”
capaz de provocar novas sensações nas pessoas.
→ É importante ressaltar
que os sentimentos da pessoa que usufrui a obra não são
necessariamente os mesmos do artista. Cada um tem suas próprias
percepções, e uma mesma obra pode provocar reações muito
diversas.
>>> As três
potências do pensamento
→ Afinal, por que a
filosofia mantém com a mitologia, a religião e o senso comum
relações muitas vezes conflituosas, enquanto seus vínculos com a
arte e a ciência são mais estreitos?
→ Uma obra de arte é
produto de uma experiência do pensamento que tem o potencial de
despertar em outras pessoas a sensibilidade e a curiosidade,
instigando-as a pensar. Da mesma forma, uma teoria científica é
também um produto do pensamento e estimula outras pessoas a
refletir. A filosofia, igualmente, consiste em produzir conceitos com
base em experiências do pensamento e gerar, assim, outros
pensamentos.
→ Com as formas de
enfrentar o mundo que não convidam nem incitam a um pensamento
constante, a filosofia não pode interagir com a mesma intensidade.
Com aquelas que estão o tempo todo nos fazendo pensar, a filosofia
dialoga, e interfere nelas, da mesma forma que recebe suas
influências e interferências.
→ Enquanto a ciência
produz funções, a arte produz sensações e a filosofia produz
conceitos, as três se complementam na invenção de novas formas de
ver o mundo e a vida.
Caraca professor, é muita coisa kkk
ResponderExcluirMds,deu 5 prints do cel, ai meus dedos :c
ResponderExcluirProfessor tenho no caderno mesmo assim tenho que te entrgar em folha separada ?
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