2º Ano - Resumo: Unidade 02 (O que somos?) - Capítulo 03 (Corporeidade, gênero e sexualidade)
→ Vivemos
hoje um “culto ao corpo”, que nem sempre tem a ver com a ideia de
saúde e bem-estar. Em geral, o que predomina é a preocupação
estética.
→ Na
antiga sociedade moralista, a ética e a virtude impunham uma série
de deveres. Hoje, a “sociedade pós-moralista” valoriza o bem
estar individual. Em lugar dos deveres, há agora “tarefas” para
alcançar a felicidade.
→ Quando
dizemos “eu”, falamos de um corpo ou de outra coisa, um “recheio”
que está no corpo? Será o corpo que nos faz ser o que somos?
→ Podemos
destacar a corporeidade como uma das dimensões humanas mais
fundamentais.
→ Os
gregos davam muita importância ao corpo. Somos seres constituídos
de “soma” e “psique”.
→ Platão:
dualismo psicofísico. Enquanto vive, o ser humano é uma união
indissolúvel de um corpo físico mortal com uma alma ideal imortal.
É preciso cuidar do corpo
para que possamos cuidar da alma.
→ Aristóteles:
hilemorfismo. O ser humano é feito de matéria (corpo físico) e
forma (alma). Embora distintas, estas essas duas realidades são
inseparáveis. Concepção orgânica: alma é aquilo que anima um
corpo, estando totalmente integrada a ele, formando um sistema
orgânico.
→ Idade
Média: o corpo é sagrado e ao mesmo tempo fonte de pecado. Caberia
à alma, expressão da pureza divina, controlar os desvios do corpo.
→ Espinosa:
corpo-mente. Não utiliza alma, mas a palavra mente. Corpo e mente
são uma coisa só. Se nos referimos ao pensamento, chamamos de
mente, se nos referimos à matéria, corpo. Concepção não
dualista. Pela primeira vez pergunta sobre as possibilidades do
corpo. As ações do corpo dependem dos estímulos (afecções) que
ele recebe. Dependendo de como é afetado, sua potência de agir
aumenta (alegria) ou diminui (tristeza).
→ Merleau-Ponty:
“corpo próprio”. A certeza da existência não está no
pensamento mas no corpo. É no ato de percepção que descobrimos que
existimos. Critica a filosofia e a fisiologia por serem mecanicistas:
o corpo não é um objeto, um mecanismo. Tampouco é pura consciência
ou percepção. Meu corpo próprio é a sede da percepção do mundo
e de mim mesmo. Única possibilidade de existência concreta.
→ Foucault:
o corpo é lugar em que o poder atua. O “desprezo pelo corpo” na
Idade Moderna é apenas aparente, uma forma de não perceber o grande
esforço que foi feito para mantê-lo controlado, para tomá-lo como
força de trabalho pelo “poder disciplinar”, que atuava
individualizando os corpos em instituições disciplinares.
→ Um
dos desdobramentos da corporeidade é a sexualidade: o corpo é
sexuado. Em uma visão
mecanicista do corpo, o sexo é visto como algo puramente biológico.
Mas existe também um dimensão simbólica, que diz respeito à forma
como representamos e vivenciamos a corporeidade e que se coloca para
além do biológico. Essa dimensão simbólica é o universo da
cultura. Se o corpo não é apenas matéria, pois existe em uma dada
cultura, a sexualidade está relacionada à dinâmica da vida humana.
→Foucault:
história da sexualidade: na mesma medida em que se falava de sexo,
ele era reprimido. Dois caminhos das civilizações para estabelecer
a “verdade” do sexo: 1. “arte erótica” como forma de
prescrever as melhores e mais corretas maneiras de viver o sexo; 2.
produção de um conhecimento
científico sobre o sexo, como forma de procurar sua “verdade”.
Dessas duas vertentes surgem duas linhas no sobre o sexo no Ocidente:
um saber científico legítimo e uma visão moral do sexo. Nessa
visão moral predominou a perspectiva heterossexual.
→ A
vivência da sexualidade envolve uma conjunção dos fatores
biológico e cultural, e nela também interfere a “questão do
gênero”. Uma coisa é o sexo de cada pessoa visto sob o ponto de
vista biológico, outra é o gênero, que também está profundamente
ligado à vivência das pessoas em determinada época ou lugar.
→ Simone
de Beauvoir: a condição da mulher na sociedade, a “condição
feminina”. “Ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher”
conforme vive. A cultura e o pensamento sempre foram dominados pelo
homens. Desvendar e compreender essa condição é a tática para
poder lutar contra ela, construindo outras realidades para o
feminino.
→ A
construção da sexualidade é biológica, cultural e histórica,
assim como a construção do que somos em outras esferas.
→ Deleuze
e Guatarri: há muitas “camadas” nas formas pelas quais vivemos a
sexualidade e cada pessoa “embaralha” em si mesma o masculino e o
feminino, o homossexual e o heterossexual. Se a sexualidade se reduz
a dois gêneros é em razão de todo um aparato social repressor que
procura conter os jogos do desejo. Um definição de gêneros é
sempre algo transitório e que se faz em determinado contexto.
→ Esse
jogo de construções de si mesmo é um jogo de identidades. A cada
momento somos chamados a assumir uma identidade. É culturalmente,
nas nossas relações sociais, que as identidades de gênero vão
sendo construídas. E é também pela produção cultural que elas
vão mudando, de acordo com os valores socialmente dominantes.