Uma ação é um acontecimento de um tipo especial, pois envolve aspectos que estão ausentes de um mero acontecimento: quando realizamos voluntariamente uma ação, parece evidente que poderíamos ter escolhido não o fazer.
Contudo, esta impressão parece entrar em conflito com o que julgamos saber sobre o universo, porque a ciência afirma que todos os acontecimentos do universo estão determinados.
Ficamos assim com um argumento que levanta perplexidades:
Todos os acontecimentos estão determinados.
As ações são acontecimentos.
Logo, as ações estão determinadas.
Significa isso que a impressão de que somos livres é ilusória?
Aparentemente, todos os acontecimentos estão causalmente determinados pelos acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza. A isto chama-se a tese do determinismo.
Um acontecimento está causalmente determinado pelos acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza quando não poderia deixar de se dar sem violar as leis da natureza ou sem ter origem em acontecimentos anteriores diferentes.
O universo forma uma imensa cadeia causal na qual cada efeito está determinado pelas causas que o antecedem.
Chama-se cadeia causal à sequência encadeada de causas e efeitos.
Como vimos, explica-se uma ação referindo as crenças e os desejos do agente. Contudo, as crenças e desejos do agente são, em si, acontecimentos no mundo, só que ocorrem no seu cérebr, sendo igualmente o resultado causal de acontecimentos anteriores.
Logo, se as nossas acções resultam causalmente dos nossos desejos e crenças, e se estas resultam por sua vez de acontecimentos anteriores, as nossas acções resultam indirectamente desses acontecimentos anteriores.
Mas isto parece significar que não somos livres…
A perspectiva de senso comum que temos da acção humana é que as condicionantes da ação influenciam, mas não determinam, a nossa acção, por isso a tese determinista contraria o que pensamos de nós mesmos.
Chama-se por vezes condicionantes histórico-culturais da ação aos factores históricos e culturais que influenciam a personalidade das pessoas, e portanto o modo como agem.
chama-se condicionantes físico-biológicas da ação aos factores físicos e biológicos que influenciam a personalidade das pessoas, e portanto o modo como agem.
O problema do livre-arbítrio consiste em tentar compatibilizar o determinismo que encontramos na natureza com a perspectiva de senso comum que temos de nós mesmos. Poderemos ser realmente livres num universo determinista? Ou será que temos de aceitar que a liberdade é uma ilusão porque tudo está determinado? Poderemos, alternativamente, conceber que o universo não está afinal inteiramente determinado precisamente porque somos livres?
- O livre-arbítrio é a capacidade para decidir (arbitrar) em liberdade.
As teorias que respondem ao problema do livre-arbítrio dividem-se em dois grupos: teorias incompatibilistas e teorias compatibilistas.
As teorias incompatibilistas defendem que o livre-arbítrio não é compatível com o determinismo.
As teorias compatibilistas defendem que o livre-arbítrio é compatível com o determinismo.
Teorias
Há
livre-arbítrio?
Tudo está
determinado?
Incompatibilismo
Determinismo radical
Não
Sim
Libertismo
Sim
Não
Compatibilismo (determinismo moderado)
Sim
Sim
- Não se deve confundir o determinismo com o fatalismo.
-
O fatalismo é a tese de que alguns acontecimentos são inevitáveis, independentemente do que possamos decidir ou fazer.
Atividades:
1. O que é o determinismo?
2. O que significa dizer que um dado acontecimento está causalmente determinado? Dê exemplos.
3. O que é uma cadeia causal?
4. O que são as condicionantes da ação? Descreva os dois tipos e dê exemplos.
5. Você concorda com a tese determinista? Por quê?
6. Você concorda com a afirmação de que possuímos livre arbítrio? Por quê?
7. Na sua opinião, é possível conciliar a ideia determinista com a do livre-arbítrio? Argumente a respeito.
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