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domingo, 5 de março de 2023

Filosofia da ação – A rede conceitual da ação: ação e motivação «»

 

  • Muitas das ações são explicáveis em termos do interesse pessoal do agente. Ou seja, muitas vezes um agente realiza uma ação porque deseja obter algo que considera bom para si, e porque acredita que realizar a ação é o melhor meio para obter aquilo que deseja.

    • Mas, aparentemente, um agente humano pode não ser motivado apenas pelo interesse pessoal: é capaz de realizar certas ações porque deseja obter algo que considera bom para os outros, e porque acredita que realizar essas ações é o melhor meio de concretizar o seu desejo.

  • Aqueles que defendem o egoísmo psicológico acreditam que, na verdade, não somos capazes de agir por motivos altruístas, porque cada um faz apenas aquilo que julga ser mais vantajoso para si próprio.

    • A defesa do egoísmo psicológico pode ser feita por meio de dois argumentos:

      • Quando agimos voluntariamente, fazemos sempre aquilo que nós próprios mais desejamos. Por isso, somos todos egoístas.

      • Sempre que fazemos bem aos outros, isso dá-nos prazer. Por isso, só fazemos bem aos outros para sentirmos prazer. Ora, isso significa que somos todos egoístas.

  • Será que estes argumentos são bons?

    • Examinemos o primeiro argumento: mesmo que seja verdade que, em todos os atos voluntários, as pessoas se limitam a fazer aquilo que mais desejam, daí não se segue que todos esses atos sejam egoístas.

    • O segundo argumento parece também assentar numa confusão: mesmo que sintamos prazer a fazer bem aos outros isso não quer dizer que a expectativa de obter esse prazer tenha sido a causa ou o motivo da ação, pois o prazer pode ter sido apenas um efeito da ação.

  • Além dessa objeção aos argumentos do egoísmo psicológico, há mais duas boas razões para o rejeitarmos:

    • Uma delas é que ele carece de poder explicativo: quando alguém faz algo, como ajudar a um animal que sofre, e diz tê-lo feito apenas para não ficar com a consciência pesada, a tese do egoísmo psicológico não pode ser aplicada, pois um egoísta jamais ficaria com a consciência pesada em relação ao sofrimento alheio.

    • A outra razão é que é ao egoísmo psicológico que cabe o ônus da prova: afinal, dispomos já de inúmeros dados que tornam razoável a convicção de que as pessoas se comportam por vezes de forma altruísta.


  • Atividades:

1. Segundo o egoísta psicológico, como se explicam todas as ações humanas?

2. Como argumenta o egoísta psicológico a favor da sua teoria?

3. Explique as críticas aos argumentos do egoísta psicológico.

4. «É ao defensor do egoísmo psicológico que cabe o ônus da prova.» Explique esta afirmação.

5. O filósofo Thomas Hobbes (1588-1679), defensor do egoísmo psicológico, foi visto uma vez a dar dinheiro a um mendigo. Explicou o seu ato dizendo que ajudar mendigos o fazia sentir-se melhor. Esta explicação é satisfatória? Por quê?

 

 

 

Fonte: A Arte de Pensar 10a. Aires Almeida e outros. Didactica Editora. 1ª Ed.

 

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